Todo mundo sabe que a memória precisa ser malhada. Mas śo recentemente a ciência entendeu o verdadeiro porquê: ela realmente é, de certa forma, um músculo. O fortalecimento das conexões entre os neurônios, processo que forma as memórias no nosso cérebro, depende de uma proteína chamada miosina-5b – muito parecida com outra proteína, a miosina, que dá força para os músculos do corpo. Da mesma maneira que puxar ferro faz os braços crescerem, trabalhar a memória a deixa mais forte.
Só que, na prática, nós a exercitamos cada vez menos. Em vez de decorar telefones, você guarda na agenda do celular. Quando encontra um site legal, nem se preocupa em memorizar o endereço – quando quiser voltar a ele é só digitar no Google, né? Você nem precisa se lembrar do horário dos programas de TV, pois pode baixá-los ou ver no Youtube na hora em que quiser. E por ái vai. Quando a tecnologia não está à mão e precisamos da memória, apelamos apara uma série de truques. O mais comum é repetir uma informação várias vezes, fortalecendo as conexões entre os neurônios até ela grudar na cabeça. Ou as técnicas mnemônicas, que envolvem associações de palavras e foram inventadas na Grécia antiga – o termo vem de Mnemosyne, deusa da memória na mitologia grega. Uma das dicas é associar os itens de uma lista de coisas que você tem que lembrar. Se você precisar ir ao supermercado comprar lâmpadas, tomates, mel e xampu, por exemplo, pense numa lâmpada em formato de tomate que derrama mel no seu cabelo quando acende. É meio esquisito (e nojento), mas ajuda. Já para não esquecer telefones ou senhas, você pode atribuir significados aos números ou até apelar para a sua memória visual.
Imaginar o 22 como dois patinhos, o 5 como um senhor barrigudo e o 7 como uma girafa, por exemplo. Vale até inventar uma musiquinha com as informações. Acontece que, como você já deve ter percebido, essas técnicas não são lá muito eficazes – em boa parte dos casos, continuamos esquecendo. É como tentar levantar um peso sem ter preparo físico para isso; você até consegue, mas acaba deixando cair. O segredo é exercitar as funções mentais um pouquinho todos os dias, para deixar sua memória preparada. Segundo cientistas da Universidade de Michigan, os benefícios começam a aparecer depois de 12 dias.
“Quando me perguntam o que fazer para melhorar a memória, sempre respondo: ler. Não há nada melhor”, afirma o neurologista Ivan Izquierdo. É que, mesmo quando você lê um texto, seu cérebro usa intensamente a memória – para entender o que está escrito, ele precisa consultar uma enorme quantidade de informações guardadas na sua cabeça.
* O texto faz parte da matéria “Memória: por que esquecemos cada vez mais?” da revista Superinteressante, edição 264 – ABR/2009.
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