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Essa é a capa do material produzido para o Ensino Médio e Vestibular

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Modelo de questões para o Provão

Pessoal, vou deixar aqui um modelo detalhado de como serão as questões de sociologia no provão.

1. Sobre movimentos sociais, analise as questões a seguir.

32 – Quando um indivíduo age em discordância com as regras sociais de seu grupo, seu comportamento é considerado desviante e ele é punido de acordo com as formas estabelecidas.

02 – Os movimentos sociais surgem sempre de forma coordenada e organizada.

08 – Movimento social carismático é aquele que necessita da figura de um líder carismático e que seja ligado a religiosidade.

04 – Quando um questionamento a qualquer regra social se propaga e é adotado por outras pessoas, estamos diante de um movimento social e da possibilidade de mudança.

Marque a alternativa que contém a somatória das questões corretas.

(A) 10

(B) 34

(C) 46

(D) 36

(E) 14

Sobre o provão do 1ª bimestre

Queria deixar algumas dicas pra vocês sobre o provão desse próximo dia 15.
Prestem atenção, pois as questões de sociologia estão mescladas com o modelo da UNIFAP e da UEAP, como falei em sala de aula. Ou seja, são 4 itens com valores que variam de 01 a 32, onde vocês terão que marcar a somatória dos itens que considerarem corretos nas alternativas de (A) a (E).
Todas as questões foram feitas dentro do material estudado e dos exemplos discutidos em sala de aula. Também podem estudar através dos textos abaixo.
Fiquem a vontade pra utilizar esse espaço. ele é nosso.
Dúvidas deixem na caixinha de comentários ou podem enviar diretamente por e-mail nicaciocontato@gmail.com
Abraço a todos e sucesso na prova.

A Sociologia de Émile Durkheim

Durkheim pode ser considerado como um dos grandes teóricos da Sociologia, embora atribuem a paternidade do termo ao Comte. Durkheim conseguiu desvincular a Sociologia da Filosofia Social e colocá−la como disciplina científica rigorosa. Sua principal preocupação era definir com precisão o objeto, o método e a aplicabilidade da Sociologia. Em sua obra: As Regras do Método Sociológico (1895), deixou claro o tipo de acontecimento sobre os quais debruça a Sociologia: os Fatos Sociais. Estes seriam então para ele o objeto da Sociologia.

Durkheim se diferencia dos outros positivistas, porque suas teorias avançam sobre a simples reflexão filosófica, e construía toda uma organização de pressupostos metodológicos e teóricos sobre a sociedade.

Durkheim procurou estabelecer a fronteira entre as diferentes particularidade dos acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e sociológicos. Elaborou métodos, conceitos e técnicas de pesquisas que guiavam os pesquisadores para o conhecimento de um objeto de estudo próprio e dos meios mais adequados para interpretá−los, apesar de estarem calcados nos princípios das ciências naturais.

Durkheim estudou também as particularidades da sociedade em que vivia e aos mecanismos de coesão dos pequenos grupos, embora estava preocupado com as leis gerais capazes de explicar a evolução das sociedades humanas. Diferenciou instâncias da vida social e seu papel na organização, como a educação, a família e a religião. Pode−se dizer que delineou uma apreensão da Sociologia em que se relacionava o geral e o particular numa noção de totalidade social.

O que é fato social

São três as características que Durkheim distingue nos fatos sociais. A primeira delas é a coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando−os a conformarem−se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de suas vontades e escolhas. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.

O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo está sujeito quando contra elas tenta se rebelar. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se identifica a infração e a penalidade subseqüente. Espontâneas seriam as que aflorariam com decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade á qual o indivíduo pertence.

A educação desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.

A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais. A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Desse modo, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.

A objetividade do fato social

Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, a preocupação de Durkheim dirigiu−se para a conduta necessária ao cientista, a fim de que seu estudo tivesse realmente bases científicas. Para Durkheim, como para todos os positivistas, não haveria explicação científica se o pesquisador não mantivesse certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. Foi preciso que o sociólogo deixe de lado suas pre−noções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado, pois eles nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos.

Procurando garantir à Sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos pensassem ou declarassem a seu respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.

Para se apoderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os acontecimentos gerais e repetitivos, aqueles que apresentam características exteriores comuns. Assim, por exemplo, o conjunto de atos que suscitam na sociedade reações concretas classificadas como "penalidades" constituem os latos sociais identificáveis como "crime".

Vemos que os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas, distinguindo−se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos.

Sociedade: um organismo em adaptação

Para Durkheim, a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como encontrar remédios para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicas, isto é, saudáveis e doentios.

Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser

encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as condenam a penalidades. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é

garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de uma determinada questão.

Partindo do principio de que o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida através do consenso social, a "saúde" do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos e com a função destes na preservação dessa harmonia, desse acordo coletivo que se expressa sob a forma de sanções sociais. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente, portanto, normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.

Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais.

A consciência coletiva

Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria e independente daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se comportar e interpretar a vida, podem−se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou consciência coletiva.

A definição de consciência coletiva aparece pela primeira vez na obra Da divisão do trabalho social: trata−se do "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade" que "forma um sistema determinado com vida própria" .

A consciência coletiva não se baseia na consciência dos indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas está espalhada por toda a sociedade. Ela revelaria, segundo Durkheim, o "tipo psíquico da sociedade", que não seria apenas o produto das consciências individuais, mas algo diferente, que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações.

A consciência coletiva é, em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como regras fortes e estabelecidas que delimitam o valor atribuído aos atos individuais. Ela define o que, numa sociedade, é considerado "imoral", "reprovável" ou "criminoso".

Morfologia Social: as espécies sociais

Para Durkheim, a sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas sociedades. Constituiu assim o campo da morfologia social, ou seja, a classificação das espécies sociais numa nítida referência às espécies estudadas em biologia. Essa referência, utilizada também em outros estudos teóricos, tem sido considerada errônea uma vez que todo comportamento humano, por mais diferente que se apresente, resulta da expressão de características universais de uma mesma espécie.

Durkheim considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Desse ponto de partida, foi possível uma série de combinações das quais originaram-se outras espécies sociais identificáveis no passado e no presente, tais como os clãs e as tribos.

Para Durkheim, o trabalho de classificação das sociedades – como tudo o mais – deveria ser efetuado com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, estabeleceu a passagem da solidariedade orgânica como motor de transformação de toda e qualquer sociedade.

Solidariedade mecânica, para Durkheim, era aquela que predominava nas sociedades pré−capitalistas, onde os indivíduos se identificavam através da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.

Solidariedade orgânica é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.

A Sociologia de Augusto Comte

Positivismo

Ao idealismo da primeira metade do século XIX se segue o positivismo, que ocupa, mais ou menos, a segunda metade do mesmo século, espalhado em todo o mundo civilizado. O positivismo representa uma reação contra o apriorismo, o formalismo, o idealismo, exigindo maior respeito para a experiência e os dados positivos. Entretanto, o positivismo fica no mesmo âmbito imanentista do idealismo e do pensamento moderno em geral, defendendo, mais ou menos, o absoluto do fenômeno. "O fato é divino", dizia Ardigò. A diferença fundamental entre idealismo e positivismo é a seguinte: o primeiro procura uma interpretação, uma unificação da experiência mediante a razão; o segundo, ao contrário, quer limitar-se à experiência imediata, pura, sensível, como já fizera o empirismo. Daí a sua pobreza filosófica, mas também o seu maior valor como descrição e análise objetiva da experiência - através da história e da ciência - com respeito ao idealismo, que alterava a experiência, a ciência e a história. Dada essa objetividade da ciência e da história do pensamento positivista, compreende-se porque elas são fecundas no campo prático, técnico, aplicado.

Além de ser uma reação contra o idealismo, o positivismo é ainda devido ao grande progresso das ciências naturais, particularmente das biológicas e fisiológicas, do século XIX. Tenta-se aplicar os princípios e os métodos daquelas ciências à filosofia, como resolvedora do problema do mundo e da vida, com a esperança de conseguir os mesmos fecundos resultados. Enfim, o positivismo teve impulso, graças ao desenvolvimento dos problemas econômico-sociais, que dominaram o mesmo século XIX. Sendo grandemente valorizada a atividade econômica, produtora de bens materiais, é natural se procure uma base filosófica positiva, naturalista, materialista, para as ideologias econômico-sociais.

O positivismo admite, como fonte única de conhecimento e critério de verdade, a experiência, os fatos positivos, os dados sensíveis. Nenhuma metafísica, portanto, como interpretação, justificação transcendente ou imanente, da experiência. A filosofia é reduzida à metodologia e à sistematização das ciências. A lei única e suprema, que domina o mundo concebido positivisticamente, é a evolução necessária de uma indefectível energia naturalista, como resulta das ciências naturais.

Dessas premissas teoréticas decorrem necessariamente as concepções morais hedonistas e utilitárias, que florescem no seio do positivismo. E delas dependem, mais ou menos, também os sistemas político-econômico-sociais, florescidos igualmente no âmbito natural do positivismo. Na democracia moderna - que é a concepção política, em que a soberania é atribuída ao povo, à massa - a vontade popular se manifesta através do número, da quantidade, da enumeração material dos votos (sufrágio universal). O liberalismo, que sustenta a liberdade completa do indivíduo - enquanto não lesar a liberdade alheia - sustenta também a livre concorrência econômica através da lida mecânica, do conflito material das forças econômicas. Para o socialismo, enfim, o centro da vida humana está na atividade econômica, produtora de bens materiais, e a história da humanidade é acionada por interesses materiais, utilitários, econômicos (materialismo histórico), e não por interesses espirituais, morais e religiosos.

As características do Positivismo

A realidade é formada por partes isoladas, de fatos atômicos; a explicação dos fenômenos se dá através da relação entre eles; não se interessa pelas causas, mas pelas relações entre os fenômenos; rejeição ao conhecimento metafísico; há somente um método para a investigação dos dados naturais e sociais. Tanto um quanto outro são regidos por leis invariáveis.

A Lei dos Três Estados

Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência humana que comanda o desenrolar da história. Comte pensa que nós não podemos conhecer o espírito humano senão através de obras sucessivas - obras de civilização e história dos conhecimentos e das ciências - que a inteligência alternadamente produziu no curso da história.

O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por três estados:

a) estágio teológico, em que o mundo e a humanidade foram explicados nos termos dos deuses e dos espíritos;

b) estágio metafísico transitório, em que as explanações estavam nos termos das essências, de causas finais, e de outras abstrações;

c) estágio positivo moderno, este último estágio se distinguia por uma consciência das limitações do conhecimento humano.

Acrescentemos que para Augusto Comte a lei dos três estados não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das coisas.

São igualmente metafísicas as tentativas de explicação dos fatos biológicos que partem do "princípio vital", assim como as explicações das condutas humanas que partem da noção de "alma".

A Classificação das Ciências

As ciências, no decurso da história, não se tornaram "positivas" na mesma data, mas numa certa ordem de sucessão que corresponde à célebre classificação: matemáticas, astronomia, física, química, biologia, sociologia.

Das matemáticas à sociologia a ordem é a do mais simples ao mais complexo, do mais abstrato ao mais concreto e de uma proximidade crescente em relação ao homem.

Esta ordem corresponde à ordem histórica da aparição das ciências positivas. As matemáticas (que com os pitagóricos eram ainda, em parte, uma metafísica e uma mística do número), constituem-se, entretanto, desde a antiguidade, numa disciplina positiva (elas são, aliás, para Comte, antes um instrumento de todas as ciências do que uma ciência particular). A astronomia descobre bem cedo suas primeiras leis positivas, a física espera o século XVII para, com Galileu e Newton, tornar-se positiva. A oportunidade da química vem no século XVIII (Lavoisier). A biologia se torna uma disciplina positiva no século XIX. O próprio Comte acredita coroar o edifício científico criando a sociologia.

As ciências mais complexas e mais concretas dependem das mais abstratas. De saída, os objetos das ciências dependem uns dos outros. Os seres vivos estão submetidos não só às leis particulares da vida, como também às leis mais gerais, físicas e químicas de todos os corpos (vivos ou inertes). Um ser vivo está submetido, como a matéria inerte, às leis da gravidade. Além disso, os métodos de uma ciência supõem que já sejam conhecidos os das ciências que a precederam na classificação. É preciso ser matemático para saber física. Um biólogo deve conhecer matemática, física e química. Entretanto, se as ciências mais complexas dependem das mais simples, não poderíamos deduzi-las de, nem reduzi-las a estas últimas. Os fenômenos psicoquímicos condicionam os fenômenos biológicos, mas a biologia não é uma química orgânica. Comte afirma energicamente que cada etapa da classificação introduz um campo novo, irredutível aos precedentes. Ele se opõe ao materialismo que é "a explicação do superior pelo inferior".

Nota-se, enfim, que a psicologia não figura nesta classificação. Para Comte o objeto da psicologia pode ser repartido sem prejuízo entre a biologia e a sociologia.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O Processo de Socialização

Processo e Mecanismos de Socialização

Fatos como o aparecimento do rapaz-lobo constituem uma prova de que a sociedade humaniza o Homem, desenvolvendo as capacidades potenciais de cada um através de um processo denominado socialização. Deste modo, a socialização é um processo geral, interactivo, contínuo e duradouro que engloba todos os aspectos da vida humana. Em Sociologia, entende-se por socialização os processos através dos quais os homens adquirem um certo número de conhecimentos, de mecanismos e de respostas às diferentes circunstâncias da vida social, graças aos quais se adaptam às exigências da vida colectiva e se integram nas suas estruturas. Esta aprendizagem social tem como objectivo fazer do indivíduo um membro mais ou menos adaptado à sociedade em que se encontra. No entanto, o indivíduo não é passivo, ele próprio também participa na socialização.
A socialização efectua-se através de um certo número de mecanismos, dos quais podemos destacar a aprendizagem, a imitação e a identificação.
A Aprendizagem consiste em inculcar no indivíduo certas reacções, mais ou menos automáticas, em presença de situações sociais determinadas. Esta formação de comportamentos varia, obviamente, com as diferentes culturas. Podemos então considerar que a aprendizagem consiste na aquisição de reflexos, hábitos, atitudes, etc.
A Imitação é um mecanismo de socialização que se traduz pela reprodução de comportamentos e atitudes dos indivíduos ou dos grupos integrados na vida quotidiana. A criança imita as atitudes dos pais e aprende a ser ela imitando os outros.
A Identificação só foi posta em evidência pela psicanálise. A criança identifica-se com o seu pai ou com a sua mãe que constituem, para ela, modelos de conduta. Este mecanismo é inconsciente.
Estes três mecanismos de socialização coexistem. É assim que, por exemplo, num processo de identificação de uma criança com um dos progenitores, existe imitação que, por sua vez, constitui um dos processos essenciais de aprendizagem.

Agentes de Socialização

Os mecanismos de socialização são postos em acção por um certo número de agentes sociais privilegiados denominados agentes de socialização. É muito difícil separar a parte de actuação que cabe a cada um dos agentes. Eles são:
A Família: tem um papel determinante nos primeiros anos de vida. É aí que as crianças adquirem a linguagem e os hábitos do seu grupo social. Estes primeiros anos de formação são muito importantes na vida dos indivíduos. Normalmente, são os pais a adaptar os filhos à sociedade. Mas na sociedade actual é através dos filhos que os pais têm conhecimento de novos factores culturais. No caso das famílias imigrantes, os jovens desempenham um papel fundamental na socialização dos pais pois são as crianças que facilitam a integração dos seus pais.
A Escola: permite à criança entrar num meio social novo que vai ter sobre ela uma influência fundamental. Tem várias funções – além de proporcionar à criança instrumentos de trabalho, métodos de reflexão e conhecimentos que lhe vão ser úteis durante toda a vida, impõe-lhe novas regras e uma disciplina que a liberta parcialmente do meio e completa a sua formação, aprendendo a conhecer os outros e o meio que a rodeia.
Os Grupos Sociais: durante toda a vida o homem pertence a grupos sociais e outras instituições que continuam a sua socialização. Mas os meios mais eficazes de que a sociedade actual dispõe são os meios de comunicação.
A socialização integra todos os domínios da vida do indivíduo. Os hábitos alimentares, as noções de bem e de mal, os comportamentos físicos, as relações com os seus semelhantes, são os resultados adquiridos e conseguidos deste processo.
O processo de socialização pode ser dividido em duas fases:
è A socialização primária, processo por meio do qual a criança se transforma num membro activo da sociedade. É na infância que o processo de socialização é mais evidente.
è A socialização secundária, que compreende todos os processos posteriores por meio do qual o indivíduo é introduzido num mundo social específico. Cada nova experiência social tem um papel fundamental no processo de socialização e a vida de um indivíduo é uma sequência das suas experiências sociais.
A socialização é um processo recíproco, visto que afecta não apenas o indivíduo socializado como também os socializantes.

A Socialização como processo de transmissão cultural

O processo de aprendizagem e educação que se desenvolve no homem desde a infância e na cultura à qual pertence designa-se por endoculturação.
Cada indivíduo através do processo de socialização vai adquirindo e interiorizando crenças, comportamentos, modos de vida da sociedade a que pertence. Contudo, ninguém aprende toda a sua cultura mas está, apesar disso, condicionado à transmissão de cultura que se realiza através dos grupos sociais a que pertence. Além disso, o controlo social que a sociedade exerce sobre o indivíduo leva a que ele não se desvie dos actos e comportamentos padronizados.